Brasileiro recebe prêmio do governo dos Estados Unidos pela luta contra a intolerância religiosa

O babalaô e doutorando em História da UFRJ Ivanir dos Santos recebe, nesta quarta-feira (17), um prêmio do Departamento de Estado do Governo dos Estados Unidos pela importância na luta contra a intolerância a praticantes de religiões de matriz africana no Brasil.

“Quero pontuar que o prêmio é o reconhecimento de todas as nossas ações em prol das liberdades, dos direitos humanos, da pluralidade, das diversidades, contra o racismo e a intolerância”, destacou Ivanir.

Ele é homenageado ao lado de outros cinco líderes – Mohamed Yosaif Abdalrahan, do Sudão; Iman Abubakar Abdullahi, da Nigéria; Pascale e William Warda, do Iraque; e Salpy Eskidjian Weiderud, do Chipre – pela contribuição às discussões relativas à liberdade religiosa. A cerimônia contará com a presença do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.

“Como bem sabemos, o racismo e a intolerância religiosa são os maiores desafios para construção de uma sociedade mais justa e igualitária, e no Brasil não é diferente. A intolerância religiosa vem crescendo cada vez mais no nosso país, e principalmente no Estado do Rio de Janeiro. Precisamos acreditar que é possível construir uma sociedade mais tolerante onde nossas diferenças possam ser nossos pontos de encontros e nunca de exclusão”, destacou.

Ele ressaltou que, apenas no Estado do Rio de Janeiro, são quase 200 templos de religiões de matriz africana ameaçados. Na última sexta (12), traficantes invadiram um terreiro de candomblé em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e obrigaram a sacerdotisa responsável pelo espaço a destruir todos os símbolos que representavam os orixás.

Os criminosos, que estavam armados ameaçaram voltar para atear fogo no terreiro. O caso foi registrado na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e corre em sigilo.

Em 2008, Ivanir fundou a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, com integrantes de diferentes religiões, membros da sociedade civil e do Ministério Público. A comissão documenta os casos de violência religiosa e presta apoio às vítimas.

No mesmo ano, ele liderou a primeira caminhada em defesa da liberdade religiosa, no Rio de Janeiro. A última edição aconteceu no último domingo (14), em Nova Iguaçu. Durante o evento, ele reclamou da demora do governador Wilson Witzel para receber integrantes da comissão. Ele ressaltou a importância do apoio do poder público no combate à intolerância.

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